sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Opus III - A casa

Rui Rocha Casa – É o lugar onde nos sentimos protegidos, onde nos construímos, onde nos estruturamos e evoluímos. A casa é o lugar onde nos sentimos bem. É o lugar onde aprendemos, criamos e partilhamos as nossas experiências mais pessoais, na intimidade de um grupo de pessoas mais ou menos extenso, que de alguma forma nos é familiar. O lugar definido como casa não é definitivamente físico, é sobretudo espiritual, ele reflecte as necessidades emocionais, os nossos estados de alma e a forma como nos resguardamos nela. A casa enquanto espaço físico reflecte apenas uma exteriorização mais ou menos conseguida, mais ou menos aproximada daquilo que idealizamos como estrutura, personalizada e reconfortante que satisfaça as nossas necessidades emocionais. É curioso como nos podemos sentir em casa em diferentes espaços físicos. Estar em casa é algo de reconfortante, tranquilizador e aprazível. Quando desejamos a alguém que se sinta em casa, estamos a pedir a essa pessoa que redefina e readapte a sua noção de casa a um espaço físico alheio. Portanto, estar em casa não é a mesma coisa de que se sentir em casa. Logo a casa é algo mais que apenas um lugar encantado, é o nosso encanto adaptado a um determinado lugar num determinado momento... A nossa casa é algo que vive dentro de nós...

domingo, 29 de julho de 2007

A RAIVA FOI MESMO URGENTE

"A RAIVA É URGENTE" foi o nome que o Faria deu à sua peça instalada faz hoje uma semana, no jardim da Praça de Londres. Obra artística que cumpriu a sua função e que fez juz ao nome atribuído até quinta-feira passada, assim como, a que eu realizei com o nome de "DRESS CODE". Mas tenho que dar a mão à palmatória e começo a pensar que as criações do Faria são premeditações. O POVINHO mostrou mesmo a sua raiva, fez desaparecer todas as obras artísticas que foram criadas para aquele espaço. Sou de opinião que esse POVINHO deveria de mostrar mais a sua raiva através da prática da AUTO-FLAGELAÇÃO. Era mais útil para para eles e conseguiam, dessa forma, ter mais prazer e realizarem-se pessoalmente, do que fazer sumir "inocentes" obras artísticas que os fazem pensar, coisa rara nessa espécie de animais, e questionam a sua existência. Existência essa que devia ser extinta, já que tantas outras espécies tiveram esse infeliz destino e nunca fizerem nada para o merecerem. Mas infelizmente o nosso país estás cada vez mais pobre e nós lá teremos que viver diariamente com esses parasitas. GENTINHA como esta não deveria chegar de ter a oportunidade de respirar o ar que todos os seres vivos respiram. Tenho dito. José António Quintanilha

segunda-feira, 23 de julho de 2007

OPUS II - As outras imagens

Rui Rocha - Paraíso: Natureza Morta
Antonio Faria - A raiva é urgente!
Ana Cardoso - Canção do vento
Cristina D`Eça Leal- Espécies em vias de extinção
José Quintanilha - Dress Code

domingo, 22 de julho de 2007

OPUS II... as imagens

que eu captei... mas muitas mais haverá
Os autores das obras, o trabalho, os curiosos e também o espectador interessado nos moinhos de vento...

A RAIVA É URGENTE - António Faria

A raiva que não explode ... implode e deixa marcas tal como uma granada reparte-se em minúsculas partículas que se entranham e incorporam a pele...
são pequenos nadas do quotidiano que não saltam para fora no momento certo e se vão cravando nas entranhas do Ser.
RAIVA contida dentro do dique da compostura social, RAIVA guardada e controlada que agoniza na falta de espaço.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

DRESS CODE

Figuras paradas. Elas contam estórias do tempo que passa. Estáticas, em triângulo, como se estivessem à mesa de um café. Falam mas não as conseguimos ouvir. É um código. Sentem o tempo. E querem contar o que sentem mas não conseguem. Quase que não são vistas por quem ali passa. Elas querem chamar a atenção, mas não podem. São devotas ao seu código de silêncio Não lhes deram o poder de falar. São rainhas daquele espaço. Reinam perante o que sabem e o que vêm. O que escutam é o que conseguem roubar aos que passam ou aos que se quedam. Tornam-se as domésticas daquele espaço invadido por dejectos, objectos e animais. Elas sustentam os códigos dos homens. Os homens que imperam num sistema incompleto. Homens que sangram. Que escondem o seu íntimo mas que elas o expõem. José António Quintanilha

terça-feira, 17 de julho de 2007

Canção do vento

No meio da cidade... o jardim
...rodeado de ruas, onde o trânsito passa inclemente, exibindo o seu orgulho urbano, passam gentes , passam fumos por entre urgências primárias e o jardim observa na quietude dos dias a falta de tempo desses que correm para sitio nenhum.
Longe vão os tempos em que o jardim era passeio de família, era ponto de encontro onde se trocavam verbos amigáveis. Longe vão os tempos em que o namoro se escondia por entre árvores carregadas de romantismo. Longe vai o tempo em que se ouviam as cigarras e os trinados de habitantes de arvoredo.
- Senta-te nas minhas raízes - murmurou-lhe a árvore - e ouve a canção do vento...
E ela sentou-se porque sabia que assim teria de ser.
Ana Cardoso

Quem é a Cristina....

em primeiro lugar fica o currículo do "ser", talvez apenas este devesse constar aqui como referência à Cristina enquanto pessoa mas há sempre quem prefira saber o que fez a Cristina porque precisa de relacionar a obra actual com trabalhos passados saltando por cima da alma e dando preferência ao concreto e por isso aqui constam os dois para contentar as curiosidades dos gregos e dos troianos...
(...) Qualquer que seja o tempo vivido um currículo deve ser curto Pede-se que seja sucinto, baseado em factos concretos Substituam-se as paisagens por endereços e as recordações vagas por datas rigorosas De todos os amores, mencionar apenas o conjugal. E de todos os filhos, só os que nasceram Quem te conhece é mais importante do que quem tu conheces Viagens, só a outras terras Membros de, mas sem explicar porquê Honrarias sim, mas não como foram ganhas Escreve como se nunca tivesses falado a ti próprio e sempre mantendo-te à distância Não menciones os teus cães, gatos, pássaros as ninharias, os amigos e os sonhos O preço sim, o valor não O título, não o que significa O tamanho do sapato, não para onde ele leva aquele a quem fazes passar por ti próprio Junta uma fotografia que mostre uma orelha o que importa é a forma, não o que ouve Aliás o que há para ouvir? O ruído da máquina a trilhar o papel Wislawa Szymborska CV formação artística Ar.Co - frequência do curso de Desenho Fundação Ricardo Espírito Santo - curso de Pintura - imitação de materiais Sociedade Nacional de Belas Artes - curso de História de Arte Contemporânea e curso de Pintura, tendo sido convidada a frequentar o Atelier Livre Oxford University - curso online, "Learning to Look at Visual Arts" exposições colectivas Julho 2007 - exposição de final de ano na SNBA, em Lisboa Março 2007 - "Cidade", Convento dos Cardaes, em Lisboa Dezembro 2006 - "Dissemelhanças", Palácio da Independência, em Lisboa Julho 2006 - exposição de final de ano na SNBA, em Lisboa Junho 2006 - "Vacamões", na CowParade Lisboa Outubro 2005 - "30 obras, 30 artistas", casa do Artista, em Lisboa Julho 2005 - exposição de final de ano na SNBA, em Lisboa Julho 2004 - exposição de final de ano na SNBA, em Lisboa Exposições Individuais
Maio 2007 - "O silêncio das coisas", galeria da Junta de Freguesia de S.João de Brito, em Lisboa Não bebo café, mas gosto perdidamente de chá.

CRISTINA D'EÇA LEAL

ESPÉCIES EM VIAS DE EXTINÇÃO Este é um tributo às avózinhas que passavam longas tardes nos jardins de Lisboa, bordando, fazendo tricot ou crochet, enquanto vigiavam atentas as brincadeiras ruidosas das crianças. Restam-nos poucas.
Mas o que nos falta em quantidade, que nos sobeje em dimensão.

Opus II - Amantes da Celeste no próximo dia 21 de Julho

Jardim Norte da Praça de Londres é o local onde se vai dar a próxima actividade do
P A R T E S.
Neste jardim e com o apoio da Junta de Freguesia de S. João de Deus vão estar:
José Quintanilha
Ana Cardoso
António Faria
Cristina D'Eça Leal
e
Rui Rocha
criando instalações ao ar livre tentando que os passeantes e fregueses descubram as intervenções e com elas o jardim.
Pelas 11 da manhã começam a chegar o intervenientes com o material necessário à realização de cada peça e por aí estarão até que todas as peças devidamente identificadas estejam concluídas.
As peças ficaram no jardim durante uma semana sujeitas à apreciação pública e também à intervenção de quem passa e serão recolhidas no fim de semana seguinte.
Aqui fica o convite para todos os que conhecem este blog participarem vendo e dando as opiniões que acharem por bem... gostaríamos de obter registo das sensações e críticas construtivas para podermos melhorar cada intervenção na medida do possível.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Opus Dois

O grupo Partes, partiu rumo a novos desafios.
Desta vez e para o futuro, abrimos a porta e vamos em busca de novos lugares e outras aventuras. O sonho comanda a vida e vivendo vamos sonhando...

. Projectos Participantes

Rui Rocha
Paraíso:Natureza morta

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Como habitualmente… Sentados debaixo daquela árvore, a mesma de sempre. Abraçados como de costume, com os olhos fixos no infinito, silenciados pelo passar dos dias. Sonham com tudo o que têm, a abundância total. A beleza harmoniosa; cega-os. A facilidade de uma existência conjugal simplificada; desmotiva-os. A perfeição de ambos; banaliza-os. Os intervalos comunicacionais aumentam drasticamente, a troca de afecto escasseia, os olhares já não se cruzam, as mãos ainda se prendem, como prenuncio do desmoronamento anunciado. É o descobrir da perfeição imperfeita, toda a perfeição é caótica. A perfeição não cria dinâmica, não provoca dúvidas e portanto não cria inovação na procura de novas soluções. A perfeição é por natureza a contradição da existência humana, ela representa sempre o principio do fim. Toda a existência perfeita é considerada acabada, iniciando-se assim imediatamente o seu processo de autodestruição. A perfeição não é portanto sinónimo de felicidade… Por vezes a vida está presa por um fio, quando ele se parte, volta tudo ao grau zero. Aí o melhor, é dar convictamente uma forte dentada na maçã e começar tudo de novo.