sexta-feira, 20 de julho de 2007
DRESS CODE
Figuras paradas.
Elas contam estórias do tempo que passa.
Estáticas, em triângulo, como se estivessem à mesa de um café.
Falam mas não as conseguimos ouvir.
É um código.
Sentem o tempo.
E querem contar o que sentem mas não conseguem.
Quase que não são vistas por quem ali passa.
Elas querem chamar a atenção, mas não podem.
São devotas ao seu código de silêncio
Não lhes deram o poder de falar.
São rainhas daquele espaço.
Reinam perante o que sabem e o que vêm.
O que escutam é o que conseguem roubar aos que passam ou aos que se quedam.
Tornam-se as domésticas daquele espaço invadido por dejectos, objectos e animais.
Elas sustentam os códigos dos homens.
Os homens que imperam num sistema incompleto.
Homens que sangram.
Que escondem o seu íntimo mas que elas o expõem.
José António Quintanilha
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